@Alfredo de Stéfano |
Texto e curadoria realizados para a Bite Magazine
Fotografias me alimentam. Fotografias me transportam. Fotografias me marcam.
Fotografias abrem uma fenda no tempo do
ordinário ou transformam o ordinário em extraordinário.
Esta seleção de trabalhos em fotografia não
tem uma linha mestra: constituem apenas uma parte das imagens que em algum
momento me despertaram emoção e que, por isso, até hoje me acompanham.
São trabalhos de artistas tão diferentes como
foram os caminhos percorridos, as reflexões e desafios que cada tema provocou,
levando-os a criar métodos, conceitos e soluções para tornar matéria o que nasce
devaneio.
Alguns projetos parecem mais próximos ao
documento, como o funk transe Totoma! de Daniela Dacorso. Ou os retratos de
domésticas e seus patrões, do esloveno Andrej Balco (que, numa temporada no Rio,
escapou do cliché pobreza-violência, mirando a classe média carioca). Ou, ainda,
o Baixo Estácio do carioquíssimo A.C Júnior, onde o samba é mais silêncio que
alegria.
Outros projetos apontam para brechas e
pequenos sinais deixados na pele do tecido urbano que falam de amor e dor, como
a série Love Story, de Leonardo Ramadinha. E para paisagens enigmáticas que só
poderiam existir na mente de sonhadores como o argentino Esteban Pastorino, que
na série K.P.A transforma em maquetes lugares fotografados de uma pipa munida
de uma câmera artesanal. Como não atentar também para o bem-humorado e
auto-explicativo Sobremim, de Isabela Lira? E para o mexicano Alfredo de
Stéfano, que na série REPLENISHING EMPTINESS faz do deserto o território do
efêmero, com suas experiências de intimidade e relativização da natureza?
Aproprie-se destas imagens, leve-as com você
para onde for, atente para a espessura do tempo que existe em cada uma. Um
tempo mais frenético ou um tempo mais desacelerado, não importa. Apenas pare e
observe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário