08 março 2021

Mãe Preta no Festival Hercules Florence em Campinas

Após ser apresentada entre 2016-2019 em 4 cidades brasileiras (RJ, BH, SP e SLZ),  a exposição Mãe Preta abriu no dia 19/2 no Espaço Pavão Cultural, em Campinas, a convite do Festival Hercules Florence, cujo nome homenageia um dos inventores mundiais da fotografia. 

MÃE PRETA é exposição de arte e pesquisa da dupla Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa que aborda a memória da escravidão no Brasil através do questionamento do olhar habitual sobre imagens da maternidade negra em arquivos históricos, suas reverberações no Brasil contemporâneo e as lutas das mulheres negras contra o racismo e a violência operadas pelo Estado branco patriarcal.

O ponto de partida são representações de relações maternas no vasto acervo de imagens da escravidão feitas por artistas viajantes e fotógrafos, além de jornais de época. Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros são destacadas a duplicidade e complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas aos seus cuidados e com seus próprios filhos. Dois trabalhos em vídeo completam o trabalho, realizados em parceria com mães negras do Rio de Janeiro e com lideranças femininas do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão.

A cegueira da sociedade branca brasileira em relação à questão racial é por definição criminosa pois advém de um legado escravagista que ela custa em admitir e reparar. Acreditamos que a arte tem uma importante contribuição na luta antifascista, pois tem o poder de criar novas imagens e novos vocabulários que operam no insconsciente dos espectadores.

Nesta nova montagem em Campinas, onde a relação da cidade com a memorialização da escravidão sofreu diversos apagamentos históricos teremos a inestimável parceria do Grupo Cultural Fazenda Roseira trazendo conhecimentos passados de geração em geração e, durante a exposição, o instituto estará presente por meio de um ciclo de atividades e de um acervo de plantas rituais, cura e alimento cultivadas no próprio local. Essas plantas terão visibilidade por meio de imagens feitas em cianotipia, uma das primeiras técnicas fotográficas desenvolvidas no século XIX.

A exposição segue até 18 de abril. Veja aqui fotos da montagem.




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